Um Projeto de Lei, (PL), de autoria do vereador e vice-presidente da Câmara de Maruim, Uedson Ney, (PT), o Ney Maruim, protocolado na última quinta-feira, (13), pede o reconhecimento de vias públicas centenárias pavimentadas de pedras calcárias como Patrimônio Histórico e Cultural Maruinense.
De acordo o texto, as vias públicas centenárias pavimentadas de pedras calcárias especificamente, Rua da Cancela (General Siqueira) e suas travessas e Rua do Parque Otto Schramm passarão a ser reconhecidas como Patrimônio Histórico e Cultural Maruinense, em caráter municipal, competindo ao Poder Executivo, a elaboração de critérios para a sua manutenção, salvaguarda e proteção.
“A cada nova intervenção nessas ruas perde-se uma parte significativa de sua integralidade. Quando nelas há uma obra, operários as cobrem grosseiramente com cimento, ocultando-lhes algumas pedras e, ao tapar-lhes os buracos abertos, por eles próprios, deixam de restituir uma e outra pedra ao seu devido lugar. Fazendo consciente ou inconscientemente pouco-caso de um monumento tão precioso, contribuindo para seu desaparecimento gradativo”, justifica Uedson Ney, vereador e vice-presidente da Casa de Leis, autor do PL.
Eternizadas em fotografias, livros, poemas, obras de arte e enraizadas na memória de muitos cidadãos, memória ainda mais avivada, graças ao saudoso Joel Macieira Aguiar, além de outros, que relatam em suas obras literárias, as ruas foram calçadas para recepcionar Suas Majestades Imperiais, Dom Pedro II e Dona Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias, em 14 de janeiro de 1860.
O escritor, memorialista, ativista, e imortal da Academia Maruinense de Letras e Artes (AMLA), Hefraim A. Israelí, comentou o pedido de reconhecimento das ruas de pedras como Patrimônio Histórico e Cultural Maruinense.
“Ainda que a cidade de Maruim seja um berço de tantos acontecimentos, de tantas personalidades, de tanta cultura e história, difere gritantemente de outras cidades, como: São Cristóvão e Laranjeiras, no tocante à preservação de seu patrimônio cultural e histórico, posto que diariamente, pelo descuido, contemplamos com tristuosidade a perda de informações preciosíssimas. Vale mencionar também que por falta quiçá de boa vontade, igualmente vemos correr, qual areia por entre os dedos, vários monumentos que poderiam, sob o contexto e condições apropriados, servir de atração para viajantes e turistas, tal e qual vemos noutras localidades de semelhante importância histórica. E particularmente, estar vivo para testemunhar o interesse pela preservação das partes sobreviventes de nossas ruas de pedra, resquícios do século XIX, por ação de um integrante do Poder Legislativo local, é de fato motivo alegria, principalmente porque oferta esperanças àqueles que internamente se questionam sobre o destino da história de nosso município. E as nossas ruas de pedra estão presentes nos registros históricos, nos livros, nos lábios dos cidadãos e mesmo nas obras de arte. No entanto, a cada nova intervenção que sofrem, como bem o atestam registros fotográficos que venho amealhando há alguns anos, partes e mais partes suas acabam comprometidas ou cobertas por grosseiras camadas de cimento. Por isso é impossível não dizer que o dia 13 de outubro deve ser lembrado como um dia histórico para todos que se preocupam com os bens e com os espaços de memória desse lugar”, disse o escritor Hefraim.
O Projeto de Lei está sendo analisado pela Comissão de Constituição, Justiça, Educação, Saúde, Assistência Social e Redação Final. Logo após o parecer, o PL poderá ser discutido e votado no Plenário da Casa de Leis, e posteriormente, poderá ser também encaminhado para a sanção do prefeito Gilberto Maynart, do PT.
Por Lohan Muller, jornalista DRT 2391/SE
MARUIM EM PAUTA 