Maruim é a própria natureza, como já bem descreveu o jornalista Lohan Muller na crônica ‘Maruim é Universal’. Mas, como não se render a esta força vital encontrada em todos os cantos da cidade, que completa 169 anos de Emancipação Política nesta sexta-feira, (05) e que encheu os olhos até de estrangeiros?

Em 1959, o médico e explorador alemão Robert Christian Barthold Avé-Lallemant visitou Maruim a convite da família alemã Schramm e de início se espantou ao pisar pela primeira vez no solo maruinense.

“É impossível acreditar como é que fundaram uma cidade entre os rizóphoros”
Robert Avé-Lallemant
Isto é, dentro do mangue.
Realmente, a cidade de Maruim emerge ornada pelo manguezal, com espécies de vegetais desse ecossistema como Lagunculárias, Avicênias e a clássica Rizóphora mangle. Esta planta, a mais conhecida, exibe raízes escoras, que servem de substratos, onde se fixam as larvas de ostras até a fase adulta. Servem de palco aos gorés e caranguejos, quando estão de andada, prestes a alimentar a nossa população, independentemente de classe social.

A natureza de Maruim foi registrada pelo olhar do alemão Robert Avé-Lallemant que destacou em diário nossa flora e fauna.
“Colinas ridentes, cobertas dum verde fresco, matas, pastagens e canaviais formam a pastagem. Na flora de Maruim “viçosas bignônias, trepadeiras floridas, lantanas e solâneas, uma cana com bonitas flores amarelas muitas sensitivas e na fauna, cobras, gafanhotos, aranhas caranguejeiras e lagartixas
Robert Avé-Lallemant

Nos escritos, o alemão Robert Avé-Lallemant tece até alguns comentários sobre a hospitalidade da “amável dama alemã”, referindo-se a Adolphine Schramm e sua família.
“Em parte alguma em toda a minha viagem me foi tão grato um amável acolhimento (…) se depara subitamente a mais agradável, requintada e fina cultura européia, estendida às pessoas, à casa, ao seu arranjo, costumes, modos de vida”.
Para ratificar as suas impressões e sensações da acolhida oferecida pelos Schramm na cidade de Maruim em Sergipe, o médico alemão ressalta: “se quisesse, porém, descrever Maruim conforme me receberam, bastaria recordar como Ulisses foi recebido pelos feácios”.

Por Lohan Muller, jornalista DRT 2391/SE
Fontes consultadas:
Robert Avé-Lallemant. Viagens pelas províncias da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe (1859).
Dénio Santos Azevedo. Navegando pelo Cotinguiba: representações de Maruim no século XIX a partir dos relatos de viajantes