O sofrimento é o sentimento mais comum em enterros, mas na tarde deste sábado, (23), no Cemitério Cruzeiro do Novo Século, em Maruim, (SE), a sensação se misturou a indignação e revolta. O local tem superlotação, ossos humanos expostos ao tempo, que desrespeitam à memória de entes queridos e colocam em risco à saúde pública.

O flagrante foi feito por um maruinense, que foi ao cemitério pedir aos coveiros para abrir uma cova, para fosse enterrado o corpo do seu pai, logo em seguida. Ele gravou um vídeo mostrando a situação crítica, que circula nas redes sociais neste sábado.
“Cheguei aqui no cemitério e me deparei com essa situação: o cemitério superlotado. Não sei se vocês estão conseguindo enxergar, tem duas caveiras ali [ele foca a imagem] e tem mais outra caveira embaixo na cova… Ali, é mais uma ossada”,
mostra o maruinense no vídeo.
Confira vídeo na íntegra no final desta reportagem.
No conteúdo, o maruinense expõe reclamações dos coveiros que dizem não ter mais como cavar, nem enterrar ninguém mais, devido à superlotação.
“Infelizmente meu pai vai ter que ser sepultado assim, enterrado dessa forma: em cova bem rasa. Isso é um caos!”,
desabafa.
Em seguida, o maruinense cobra ao prefeito de Maruim, Jeferson Santana, (MDB), mais celeridade na ampliação do cemitério. Em outubro de 2018, o medbista autorizou o pagamento da área com 3 mil m². No mesmo ano, a Prefeitura de Maruim garantiu que uma limpeza seria realizada junto com a terraplanagem do terreno, mas não executou o serviço.
Em 2019, entre denúncias do Maruim em Pauta sobre a superlotação, que repercutiram na Câmara de Maruim, na TV Sergipe e TV Atalaia, o prefeito informou que faria a terraplanagem no mês de fevereiro, mas não cumpriu o que prometeu. Os trabalhos só vieram ser iniciados, em agosto daquele mesmo ano, após novas denúncias na imprensa sergipana.
Em fevereiro de 2020, durante discurso no retorno dos trabalhos da Câmara de Maruim, Jeferson Santana, anunciou investimento na parte estrutural da ampliação do cemitério Cruzeiro do Novo Século, mas até o momento nenhum trabalho foi iniciado.
“O terreno já está comprado e, ele [o prefeito], ainda não construiu o cemitério por quê? O que está faltando? Isso causa uma indignação! Estou aqui revoltado — em ter que enterrar meu pai num dia de hoje — eu não esperava de perder ele — e ainda me deparar com uma situação dessa. Estou nervoso, estou agoniado, mas infelizmente essa é a realidade”,
afirma.
No vídeo, o maruinense mostra a nova área do cemitério de Maruim coberta pelo matagal. Ele afirma ainda, que começaram a obra e abandonaram e diz que o dinheiro público foi jogado no lixo e pede providências.
“Espero que o prefeito possa tomar providências, para que outras famílias não possam passar, pelo mesmo constrangimento, que eu estou passando. Isso não existe! Em meio essa pandemia, muita gente morrendo, Graças a Deus, aqui em Maruim, não teve nenhum caso de morte, através dela [ a covid-19] mas ninguém sabe o dia de amanhã, porque ela está se expandido cada vez mais”,
observa o maruinense.
Caso os citados queiram se manifestar, estamos à disposição através do email: maruimempauta@gmail.com ou das nossas redes sociais oficiais, Facebook, Twitter e Instagram.
Confira reportagens sobre o caso:
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Por Lohan Muller, Jornalista DRT 2391/ SE | Maruim em Pauta.com