Maruim, (SE), chega aos 166 anos neste 05 de maio de 2020 e o aniversário, infelizmente, será marcado pela pandemia do novo coronavírus. A festa vai ficar para depois. Mas, a princesa do Vale do Cotinguiba, cheia de charmes, está sendo presenteada por cidadãos que provam a importância de demonstrar a solidariedade, principalmente em tempos de crise, em que beijos e abraços devem ser evitados.
A cidade vem sido tomada por uma onda de trabalhos sociais, que possuem entre si a mesma essência: ajudar o próximo. O Maruim em Pauta, conversou com alguns voluntários, que decidiram burlar o distanciamento social, seguindo todas as orientações de saúde, é claro, para amenizar a situação de quem vive em vulnerabilidade pelas periferias da cidade.
Educamor
Do Projeto Educamor, uma organização de alfabetização comunitária, tudo começou a partir da preocupação de como as famílias que são assistidas pelo projeto, conseguiriam atravessar esta fase.

“Desde a explosão da pandemia nossa preocupação foi grande. Porque nós, já imaginávamos, que não seria fácil. Dado a realidade das crianças do Educamor e da população que o projeto atinge no bairro São José: Alto da Boa Vista e Mangue Seco. As primeiras mobilizações, foram através da União de Negros pela Igualdade, (Unegro) e do Educamor, que tiveram como objetivo angariar alimentos. Foram três semanas de campanha, conseguimos e distribuímos não só para as famílias do projeto, mas para outras necessitadas”, explica Leanna Santos, uma das idealizadoras do Educamor.
Ainda de acordo com ela, a campanha foi ampliada após o apoio de uma empresa, que fez a doação de produtos de higienização, necessária, para combater à Covid-19.
“Recebemos uma ligação do Instituto Give, veiculado à Empresa Mosaic para que recebêssemos a contribuição deles, em produtos de limpeza e higienização pessoal. Foram três fases da campanha, que abrangeu além do bairro São José, nas regiões do Alto da Boa Vista e Mangue Seco, os loteamentos: Padre Francisco Loyola, os padres, e o Santo Antônio, o Coelho. Além do Povoado Pau Ferro, beneficiando, ao todo, mais de 200 famílias maruinenses. Então, a gente está muito feliz, porque sem essa parceria não daria certo.”, comemora Leanna.

Para Monachaia Bonfim, idealizadora do Educamor, o sentimento que fica é de gratidão.

“São duas pretas, através de um sonho que é o Educamor, num momento de pandemia mundial, alcançar tantas famílias que estavam necessitadas. A ação foi muito além do Educamor, várias famílias foram beneficiadas. Só tenho a agradecer a Give e a Mosaic. O sentimento é de gratidão, por nosso sonho ter chegado tão longe. O Educamor fez jus ao seu nome, distribuiu não só cestas básicas, mas sim amor”, observa Monachaia Bonfim.
Amélia Alves
Do Centro Espírita Maria Amélia Alves, as inserções sociais, ocorrem todas as segundas-feiras, com a doações de sopas, que estão suspensas devido à pandemia. De acordo com Rafael Gonzaga, Coordenador da Escola Infantil MeiMei, o Amélia Alves, já ajudou mais de 100 famílias maruinenses, nesse período de crise sanitária.

“Na primeira etapa, fizemos cerca de 40 cestas básicas com a colaboração dos trabalhadores da casa e doações externas. Essas cestas básicas foram distribuídas para as famílias que já são assistidas todas às segundas-feiras na sopa. Na segunda etapa, a Empresa Mosaic fez uma doação de mais de 60 cestas básicas. A divisão foi feita de forma diferente, já que outras casas estavam necessitadas. Essas famílias estão em todas as partes da cidade, principalmente na Lavanderia e no Mangue Seco”, explica Rafael Gonzaga.
Questionado pelo Maruim em Pauta, qual seria o significado da ação solidária e como o espiritismo vê o efeitos da pandemia, Rafael afirmou que, está no ensinamento do evangelho, segundo o espiritismo, Capítulo XIII: “Não saiba a vossa mão esquerda o que dê a vossa mão direita : fazer o bem sem ostentação ; Dar sem esperar retribuição ; Caridade Moral e Caridade Material”.

“É um momento de transformação de reestruturação do planeta. Nos últimos anos, as pessoas estavam agitadas, ritmos de trabalhos acelerados, muita poluição no planeta. Então, a pandemia chegou, para frear à desordem que o Planeta Terra estava. Agora, é momento das famílias ficarem juntas, as pessoas mais conectadas com o BEM, para fluir boas energias. Estamos tendo oportunidade de acalmar o coração e refletir sobre nossas atitudes. Esse é um momento necessário, já que vivemos no planeta de provas e expiações para regeneração”, observa Gonzaga.
O fotógrafo maruinense Jhonata Teles, é também um dos voluntários desta onda de solidariedade. Recentemente, ele separou parte da renda do seu estúdio para ajudar algumas famílias com a doação de cestas básicas. Aos 15 anos, o fotógrafo teve uma experiência de solidariedade, que ele trouxe como exemplo para a vida.

“Fui tentar uma vaga em um curso no Senai e durante cinco dias, saia de Maruim no primeiro carro, às 04h45, para Aracaju. Chegava lá, à procura de uma vaga para o curso. Ficava até tarde, não conseguia e retornava no outro dia. Naquela época, meus pais estavam passando por uma dificuldade e eles não tinham mais dinheiro. Então conseguir pegar emprestado o dinheiro da passagem. Numa sexta-feira, último dia para a inscrição do curso, encostei em uma banca que vendia pasteis e sucos e pedir água. Então, o Sr., vendo o meu estado, veio e me disse: ‘Tome aqui filho’. Ele me deu um pastel e um copo de suco. Então, eu peguei esse exemplo para a vida. Uma pessoa que não me conhecia, me estendeu a mão, quando eu mais precisei”, conta Jhonata, emocionado.

“Eu nasci no berço de uma pessoa ilustre que foi meu pai, [Gilmar, o fotógrafo], que deixou um legado nessa cidade. Que sempre me ensinou a ajudar o próximo sem olhar a quem. Essa pandemia veio para mostrar que, nós não somos o que pensamos, que somos. Que não temos nada para sempre! Ela veio pra dá uma lição de moral a todas as pessoas, principalmente aos ricos, para olhar para os mais pobres”,
afirma Teles.
O jovem microempresário Matheus Silva, também fez uma ação solidária. Ele investiu parte do seu Auxílio Emergencial, doado pelo Governo Federal, em 100 quentinhas e distribuiu na comunidade São Vicente, em Maruim.

“Estava deitado pensando o que eu iria fazer com R$ 600. Se investiria na minha pizzaria ou faria outra coisa. Foi quando pensei, em separar parte, para ajudar ao próximo. Se cada um fizesse ao menos o mínimo, o mundo seria melhor. Humildade é para poucos!”,
disse Matheus.
“Quando eu vi as pessoas recebendo as quentinha pra mim o céu caiu em cima de mim. Porque elas me agradeceram muito. Não sei, nem como explicar, pra mim vai ser inesquecível e, o que eu puder fazer por aquela gente, eu vou fazer”, garante Silva.
‘MARUIM UNIDA’: Você faz ou conhece alguém que esteja realizando ações para amenizar os efeitos da pandemia em Maruim? Entre em contato com nossa equipe através do WhatsApp (79) 9 9905-3109 e compartilhe sua história.
Por Lohan Muller | jornalista DRT 2391/SE
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